26.10.09

Um dia de Fúria

Conheça a historia de Genildo Ferreira de França (Neguinho de Zé Ferreira)
Uma historia que até daria um bom filme de suspense, ação, romance, policial, tudo isso junto em um pacote de drama ,terror e desespero.
Em apenas 12 horas,15 corpos centenas de policiais,uma cidade em pânico total e apenas 1 matador.
Genildo um rapaz de 27 anos nutria uma antiga paixão pelas armas, alimentada principalmente depois que passou pelo Exército em 1990 e recebeu prêmios pela sua qualidade como atirador.
A obsessão chegou a ponto de ele colocar na fralda descartável do filho recém-nascido um revólver para que fosse fotografado.
Boa parte do dinheiro que ganhava com o barzinho que montou em um dos cômodos de sua casa era usado para comprar munições.
Seu comportamento se tornou ainda mais estranho depois que perdeu Iure, filho de seu primeiro casamento, que morreu atropelado há pouco mais de dois anos. "Eu vou me vingar um dia", costumava prometer, referindo-se ao motorista atropelador.
Nos últimos dias, dormia com uma das armas sob o travesseiro. "Eu tentava ler as passagens do Evangelho para meu filho, mas ele saía de perto", conta Maria do Carmo França, mãe do assassino.
A Fúria
Caía uma chuva fina quando Genildo Ferreira de França abriu a porta de casa.
Passava de uma hora da madrugada de uma quinta-feira, o ruído fez com que sua mulher, Mônica Carlos de França, acordasse sobressaltada.
Ele trazia um revólver calibre 38 na mão, uma pistola 765 na cintura e a fisionomia transtornada. "Quero transar com você pela última vez", anunciou Genildo.
Mônica, uma bonita morena, disse que não queria e seguiu-se uma rápida discussão, logo interrompida por três tiros.
Por causa do silenciador instalado no cano da arma, ninguém na cidade de São Gonçalo do Amarante, localizada na região metropolitana de Natal (RN), ouviu os disparos.
Os habitantes da cidadezinha também não escutaram os tiros dados momentos antes, quando entrou em casa, França já tinha assassinado oito pessoas.
O motivo
O principal pretexto para cometer as mortes foi uma acusação de homossexualismo. Casado há sete anos e vivendo um relacionamento turbulento com a segunda mulher, a quem agredia constantemente, Genildo se dizia caluniado por ela. Contou a amigos que, para tentar forçar uma separação, Mônica teria inventado a história de que o flagrara na cama com um homem. A versão correu a cidade e por várias vezes ouviu na rua gritos de "boiola". Culpava também os parentes da mulher, que estariam espalhando o boato para apressar a separação do casal. Não se cansava de prometer vingança. A algumas pessoas, enquanto servia bebidas no seu bar, revelou o que tinha em mente. "Um dia vou limpar meu nome a bala", comentava. Com uma das vítimas em particular, Genildo deu vazão à sua crueldade. Ao matar Edilson Nascimento, disse que o fazia para mostrar que não era homossexual. "Quero ver agora você dizer por aí que me comeu", gritou, antes de atirar.
A acusação de homossexualismo também foi o principal assunto do bilhete que Genildo obrigou a jovem Valdenice a escrever, depois de matar Mônica. "Deixo o desafio para qualquer um que queira provar que eu era homossexual. Nem eu era nem vou ser. Por esse comentário foi que aconteceu toda essa tragédia. Eu não me sinto uma pessoa normal depois desse falso que levantaram contra a minha pessoa", diz no primeiro parágrafo. Depois de lamentar-se por não ter conseguido vingar a morte do filho, termina pedindo perdão. "Que todos se reúnam e construam uma forte corrente de oração para que Deus tome conta da minha alma. Adeus para todos."
Matança Planejada
Toda ação de Genildo vinha sendo planejada minuciosamente. Os planos foram explicados com mais detalhes à jovem Valdenice.
Duas semanas antes da chacina, ele disse a ela que iria circular pela cidade, matando a todos aqueles que "estavam devendo".
Pela sua louca lógica particular, pelo menos 20 pessoas tinham motivos para ser assassinadas. "Ele avisou inclusive que iria me usar como refém para que eu contasse a história depois.
Não contei para ninguém antes porque ele disse que ia me matar se eu fizesse isso", explica a garota.
A história da adolescente não convenceu a polícia, tanto que Valdenice e Francisco de Assis Ramos dos Santos, o outro refém, foram indiciados como co-autores dos crimes. "Eles tiveram muitas chances de fugir e não fizeram isso", estranha o delegado Sérgio Leocádio.
Valdenice revelou ao delegado que Genildo a obrigou a praticar sexo com ele e a fumar maconha por várias vezes.
A matança
Antes de começar a matança, encontrou Francisco de Assis Ramos dos Santos, na rua, e a adolescente Valdenice e os obrigou a acompanhá-lo em vários crimes, Santos acabou liberado após o quarto assassinato.
A pretexto de fazer uma corrida, ele ocupou o táxi de Francisco Marques Carneiro para em seguida matá-lo em um local deserto.
A partir daí usou o Palio do taxista para circular pela cidade praticando os assassinatos.
No começo usou pretextos variados para atrair sua vítimas, Uma das vitimas ele chamou para ir ao mato, fazer o parto de uma vaca.
A uns convidou para uma rodada de bebida e a outros para uma noitada com mulheres.
Nos últimos assassinatos, dispensou subterfúgios; entrou nas casas atirando.
Enquanto apertava o gatilho sorria e depois que se certificava da morte, encomendava o corpo a Deus. "Que sua alma seja perdoada de todos os pecados", orava.
Matou até mesmo um policial que lhe deu voz de prisão.
Foram pelos menos 14 horas de terror em que o rastro de sangue se espalhou pela cidade.
O fim de Genildo (Neguinho de Zé).
O reforço policial só chegou no início da manhã de quinta-feira 22, quando cerca de 120 homens encurralaram Genildo na Cerâmica Potengi.
Quando viu que não poderia fugir, ele orientou Valdenice para que fugisse com sua filha, Gislaine, de cinco anos, que também servia como refém. "Diga a eles que parem de atirar e vá", gritou.
A jovem obedeceu, Valdenice ainda teve tempo de olhar para trás e ver quando ele apontava contra o peito uma das armas.
Em seguida, ouviu o disparo, mesmo depois do tiro, ainda acenou para que ela seguisse em frente.
Os policiais invadiram então o local e dispararam vários tiros e constataram: Genildo estava morto.
A não ser por algumas pessoas que não conseguira matar, tinha cumprido até o fim o seu plano de vingança.
Assim termina um dia de fúria naquele 19 de maio de 1997 em Santo Antônio do Potengi, assim termina Genildo, com um tiro no peito e 15 mortos.
Genildo limpou sua honra e cumpriu seu destino com vingança e sangue numa sociedade onde ainda o preconceito, rótulos e medalhas são mais importantes que uma vida.
A mente humana ainda esconde muitos mistérios, e por mais que se estude ainda ficamos perplexos do que o ser humano é capaz de fazer.Fonte neste link
Abaixo o trailer do documentário Sangue do Barro, Idealizado pelos diretores potiguares, Fábio DeSilva e Mary Land Brito, Um documentario de 52 minutos traz em linguagem cinematográfica a vida da comunidade, antes e depois do fato que ficou conhecido mundialmente.

3 comentários:

Anônimo disse...

servir com esse cara ele era uma pessoa boa mas nao aceitava ser descriminado por seu apelido

Anônimo disse...

faltou o ano do acontecimento!
E olha, fizeram sim um filme. Trata-se de um documentário chamado "sangue no barro"

Anônimo disse...

Foi uma tragédia... Hoje podemos dar o nome de BULLYING, como no caso do Wellington que matou em série na escola em São Paulo.